segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CONTESTADO PARTE I

O MESSIANISMO NO CONTESTADO



Os movimentos messiânicos são aqueles que se apegam a um líder religioso ou espiritual, um messias, que passa a ser considerado "aquele que guia em direção à salvação". Os "líderes messiânicos" conquistam prestígio dando conselhos, ajudando necessitados e curando doentes, sem nenhuma pretensão material, identificando-se do ponto de vista sócio econômico com as camadas populares.

Na região sul, a ação dos "monges" caracterizou o messianismo, sendo que o mais importante foi o monge João Maria, que teve importante presença no final do século passado, época da Revolução Federalista (1893-95).


João Maria D’Agostini

O primeiro deles, o monge João Maria d’Agostinho, era imigrante italiano, e residiu um tempo em Sorocaba (SP), mudando-se em seguida para o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e 1848, nas cidades de Candelária, no morro do Botucaraí, e Santa Maria, no Campestre. Introduziu nessa região o culto a Santo Antão, que é considerado o “pai de todos os monges”, cuja festa continua até os dias atuais, comemorada em 17 de janeiro. A região do Campestre passou a ser chamada, desde então, de Campestre de Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa (Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações populares que começavam a ser comuns naquela região, e o monge foi proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Refugiou-se na Ilha do Arvoredo (SC), depois na Lapa (PR), na serra do Monge, e em Lages (SC), desaparecendo em seguida, misteriosamente. Os historiadores defendem que o monge João Maria morreu em Sorocaba, em 1870.


João Maria de Jesus



O segundo monge, João Maria de Jesus, surgiu também misteriosamente, no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido entre os anos de 1886 e 1908, havendo, na ocasião, uma identificação com o primeiro, de quem utilizava os mesmos métodos, com curas através de ervas, conselhos e águas de fontes. Acredita-se que seu verdadeiro nome seria Atanás Marcaf. Em 1897, diria: "Eu nasci no mar, criei-me em Buenos Aires, e faz onze anos que tive um sonho, percebendo nele claramente que devia caminhar pelo mundo durante quatorze anos, sem comer carne nas quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, e sem pousar na casa de ninguem. Vi-o claramente[1]". Há controvérsias sobre seu desaparecimento, segundo alguns historiadores por volta de 1900, e segundo outros por volta de 1907 ou 1908. A semelhança entre os dois primeiros monges é tão grande, que o povo os considerava um só. Num dos retratos da época, considerado como sendo do santo, há a legenda “João Maria de Jesus, profeta com 188 anos.


José Maria







O terceiro monge, José Maria, surgiu em 1911, em Campos Novos (SC), e foi, segundo alguns historiadores, um ex-militar. Segundo um laudo da polícia de Vila de Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura, e era um soldado desertor condenado por estupro. Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de José Maria de Santo Agostinho. Ao contrário do isolamento de seus antecessores, organizava agrupamentos, fundando os “Quadros Santos”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o acompanhavam.
Um dos fatos que lhe granjearam fama foi a presunção de ter ressuscitado uma jovem (provavelmente apenas vítima de catalepsia patológica). Supostamente também recobrou a saúde da esposa do coronel Francisco de Almeida, acometida de uma doença incurável. Com este episódio, o monge ganha ainda mais fama e credibilidade ao rejeitar terras e uma grande quantidade de ouro que o coronel, agradecido, lhe queria oferecer.
TURISMO EM FRAIBURGO

Fraiburgo teve na indústria extrativa da madeira o início de sua projeção econômica, porém, foi na fruticultura da maçã que se destacou no cenário nacional e internacional. Foi palco da guerra do Contestado sendo que algumas lembranças deste acontecimento se encontram em um pequeno museu na região do Taquaruçu. Na Casa da Cultura pode-se conhecer a história de Fraiburgo e a evolução da cultura da maçã. Os principais eventos acontecem em Março com a Expofrai - Exposição Agro-pecuária, Comércio e Indústria; em Julho, o Enfrute - Encontro Nacional sobre Fruticultura de Clima Temperado; em Setembro, a Semana Farroupilha; em dezembro, o Natal no Lago. É comum, como opção de lazer por visitantes e comunidade, a prática de caminhadas ao redor do Lago das Araucárias - um belíssimo local onde você vai conhecer uma pequena ilha inexplorada, o Centro Comercial Beira Lago, a Praça Maria Frey, a Gruta do Monge João Maria e lindas araucárias. Os passeios de jipe proporcionam uma deliciosa aventura aos pomares, matas, campos, ao parque de aventura para a prática de esportes radicais e a Floresta Nativa, uma das mais belas paisagens de mata nativa remanescentes.

Pontos Turisticos:

Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima
Dispõe de 30.000m² de área, sendo 2.500m² de área construída. Oferece visitação ao Santuário e à Igreja. O Santuário é composto por uma Imagem Sacra no seu centro, rodeada por imagens de pessoas. Há uma pequena queda d’água e bancos. Local ideal para meditação e orações, tudo a céu aberto. Em função da Santa e do Santuário há uma romaria anual com cerca de 10 mil participantes. No entorno do Santuário há uma infra-estrutura de banheiros, água potável, churrasqueiras com cobertura e campo de futebol suíço.

Praça da Chaminé
Da primeira empresa que se instalou no município. Pertencia aos irmãos Frey: Arnoldo e René. Construída em 1939, localiza-se na Rua Nereu Ramos, na área central da cidade. De lá, pode-se ver vários pontos e é o marco do desenvolvimento do município. Em seu torno, há uma praça com diversos bancos e no local são realizadas diversas festas municipais.


Mata Nativa René Frey
Floresta centenária, abrangendo uma área de 50 hectares. A majestosa mata nativa é composta por gigantescos pinheiros, centenárias imbuías e uma infinidade de outras árvores. É povoada por pequenos animais selvagens e pássaros. A mata nativa é a principal atração e ponto de encontro do homem com a natureza.

Gruta Monge João Maria
Presta homenagem ao curandeiro que liderou a Guerra do Contestado, fato histórico, que impulsiona o turismo da região. A lenda conta que João Maria sempre acampava perto de fontes e que a água foi abençoada e tornou-se milagrosa. À frente da gruta está o lago, marco histórico formado na época da fundação para abastecer casas e serrarias.
Museu do Contestado - Taquaruçu
Local com acervo da Guerra do Contestado, uma Igreja antiga. Lá se podem encontrar armas, acessórios, utensílios e dados guardados pela população local sobre um dos locais mais importantes da guerra, a região do Taquaruçu.
Lago dos Araucárias
É um lago artificial, feito em 1940 para abastecer a primeira serraria de Fraiburgo, sendo os donos dessa serraria e também fundadores do município os Srs. René e Arnoldo Frey.

Portal
Recebendo bem o turista, o portal de entrada, localizado na Rodovia SC 453, é um ponto de informação turística, comércio de artesanato local, produtos coloniais da região, bem como maçã e seus derivados e demais frutas, venda de água de coco.
Data Construção Portal Turístico Fraiburgo: 1995
Catelinho
O Castelinho foi construído utilizando o estilo das casas da Normandia (província a Oeste da França). Foram utilizadas pedras de Basalto encontrado na região (mais conhecida como “pedra-ferro”) e que foram cortadas à mão, transformando a casa em uma verdadeira fortaleza. A sua construção foi realizada por um francês trazido especialmente para executar a obra.
Praça Maria Frey
Inaugurada em 1994, possui um relógio em formato de maçã e abaixo o brasão da cidade. O centro serve como mural para indicação de eventos. Também existe um termômetro todo em coluna de vidro, considerado o maior da América Latina. O nome Maria Frey, foi dado em homenagem à esposa do fundador, René Frey.
Casa do Turista
Responsável pelo turismo receptivo, proporcionando horas agradáveis de lazer e cultura, em contato com a natureza. Promove caminhada em trilhas dentro da floresta virgem (Floresta René Frey), Mini-Zoo e a pomares de maçãs. Promove também passeio pela cidade, visitando os principais pontos turísticos do município, e visita também ao Packing-house: instalações onde ocorre o processo de classificação e embalagens de maças.
Casa da Cultura
Residência que pertenceu à família de Arnoldo Frey. Após seu falecimento, foi doada ao Município. Foi a primeira casa construída em alvenaria na cidade de Fraiburgo, tendo seus tijolos assentados com barro.

FUNDADORES DE FRAIBURGO

É impossível falar de Fraiburgo sem contar um pouco da história dos Frey, mesmo porque o nome do município significa justamente “Vila dos Frey”. A detalhada história dessa família de origem alsaciana, encontra-se cuidadosamente contada no livro “Gloria de Pioneiros: Vale do Rio do Peixe – SC, de Gentila Porto Lopes. Será suficiente, pois, relembrar aqui alguns dos seus marcos, para que o leitor possa compreender melhor os acontecimentos mais recentes:

Chega ao Brasil, em 12 de outubro de 1919, o Professor Guilherme Frey, fugindo das tragédias do pós Primeira Grande Guerra (1914 – 1918) trazendo consigo seus quatro filhos, René nascido em 16/04/1904; Arnoldo, nascido em 10/03/1908, e as meninas menores Joana e Inês. Depois de passar pela Bahia, estabelecem-se no Rio Grande do Sul, primeiro em Triunfo e depois em Panambi.

Em 23 de dezembro de 1923, mudam-se para Castro/PR, onde René e Arnoldo, aos 19 e 15 anos, se empregam num açougue, onde aprendem o ramos do preparo de salames e fiambreria. Arnoldo, chegando aos 17 anos, muda-se para Jaguariaiva, onde trabalha como profissional nas Indústrias Matarazzo, a maior empresa brasileira da época.

Em 13/09/1925, René, aos 21 anos, casa-se com Maria Damaski, nascida a 20/08/1906. Em 27/06/1926 nasce o primeiro filho do casal Willy; em 04/09/1928 nasce Hugo; em 13/06/1932 nasce Gerda, e em 12/01/1937 nasce Renate, a última dos filhos do casal.

No dia 28/06/1930, o casal René Frey e seus filhos Willy e Hugo chegam de mudança a Perdizes, hoje Videira, para tentar se estabelecer por conta própria no ramo de carne. Pouco depois, chega o irmão Arnoldo, que se associa a René. Montam um pequeno matadouro e açougue, e passam a produzir diversos derivados de carne bovina e suína.


(Os Irmãos René e Arnoldo Frey)

Tendo crescido muito o negócio de derivados de carne e banha, que passaram a ser vendidos em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, os irmãos Frey se associam a Luiz Kellermann, formando a firma Frey & Kellermann, Arnoldo assume a gerência da nova indústria, com o nome de “Sociedade Catarinense de Banha”, atingindo em pouco a direção do Posto de Vendas dos produtos suínos da Firma.

Em 1935, os irmãos Frey associam-se ao proprietário de floresta Possanski e montam uma serraria de madeira em Anta Gorda. O empreendimento propicia grandes lucros, e quando termina a matéria-prima, associam-se a Carlos Puttkamer (“Carlos Alemão”), montando outra serraria para explorar seu belíssimo pinheiral em Rio das Pedras, atual distrito industrial de Videira.

Nessa mesma época, os irmãos Frey montam uma fábrica de caixas para uva, cuja cultura se expandia rapidamente na região e que daria origem ao novo nome da localidade, Videira, aproveitando as madeiras de terceira das serrarias.

(Os Irmãos Inês, Arnoldo, Joana e René Frey)

Em 1937, esgotava-se rapidamente a matéria-prima para serrar, o que leva os irmãos Frey a procurar novas reservas mais distantes. Num local denominado de Campo da Dúvida (área de litígios entre as antigas Fazendas Butiá Verde e Liberata), onde hoje está Fraiburgo, havia uma vasta gleba coberta de pinheiros, de propriedade dos herdeiros de Belizário Ramos, Aristides e Aristiliano Ramos, primos do então Governador do Estado e futuro Presidente da República, Nereu Ramos. O negócio entre Ramos e Frey foi firmado na base de “serrar às meias”, como se costumava dizer: 50% para o proprietário da floresta e 50% para o serrador.

No feriado de 7 de setembro de 1937, René leva Maria para conhecer Campo da Dúvida, a 30 quilômetros de distância. Saem a cavalo às 4 horas da manhã, e através de caminhos difíceis, atravessando rios, chegam a Marechal Hindemburg, atualmente Dez de Novembro (vale a pena transcrever neste as próprias palavras de Maria Frey, conforme registradas em seu caderno de memórias):

(...) Seguimos viagem, passando pelo vizinho Sr. Ernesto Scholl, subindo agora numa ladeira, onde só mais tinha rastos do pés de cavalos, onde o primeiro pisava, outros também eram obrigados a pisar, pelo chão liso devido à unidade do mato, onde os pinheiros altos e grossos se sobressaiam, com as suas copas lembrando um guarda-chuva dobrado pelo vento. Tornamos a descer e chegamos a uma tapera, tendo, como vestígio de uma antiga moradia, chorões de respeitável grossura, árvores de maçãs, de marmelos, um forno despencando coberto de roseiras trepadeiras (hoje os fundos do Hospital). Seguimos mais pouco, chegamos numa clareira onde o mato afastou-se (...) Sentamos na sombra, recostando, para fazer a nossa refeição, isto foi pão com salame e vinho (...) Pelo cansaço sobreveio uma sonolência. Ainda ouvi René dizer aqui vai ser a serraria, lá o pátio das toras pela inclinação facilita levar os troncos na serra, lá vai ter uma estrada com casas. (...)

Na primavera de 1937, René, com uma equipe de 8 homens, começa a abertura de uma estrada de Mal. Hindemburg para Campo da Dúvida. Com outros homens, levanta um alojamento com troncos de xaxim e cobertura de folhas de butieiro, uma espécie de palmeira que existia em grande quantidade na região, e que dera origem ao nome da primitiva Fazenda Butiá Verde, da qual se originara Campo da Dúvida.


(Professor Calor Guilherme Frey e Esposa Joseplhine Khetz Frey )

Durante o verão, novas turmas começam a erguer a serraria, no local onde hoje se situa a praça da Chaminé. Para acomodar o número crescente de trabalhadores, uma nova “pensão”, com 5 quartos , é construída, usando toras roliças de madeira. Com a chegada de mais homens, o alojamento vai crescendo até completar 17 quartos .

O inverno de 1938 chega violento, Registram-se 41 geadas, e a neve chega a acumular até à altura das janelas. Mesmo assim, começa a derrubada dos pinheiros, que são serrados e lascados a mão para a construção da serraria. Até ela ficar pronta, foram precisos aproximadamente 2 anos de duros trabalhos.

Para facilitar o transporte desde Perdizes até a serraria de tudo o que precisavam, a firma compra dois caminhões movidos a gasogênio, aparelho que ia preso ao veiculo, queimando lenha e produzindo gás combustível em substituição à gasolina, que praticamente desaparecera durante o período da Segunda Grande Guerra.

Na noite de 12 de agosto de 1941, a fabrica de caixas dos irmão Frey em Perdizes, que seria desmontada e mudada para o Campo da Dúvida, é totalmente destruída por um grande incêndio. A fábrica não estava no seguro e o prejuízo é total. Os fornecedores suspendem o crédito. Começa a faltar comida para os operários. Os irmãos Frey vendem sua parte na sociedade da banha e a casa de Arnoldo à firma Ponzoni, Brandalise & Cia, dando origem à atual Perdigão S.A. Finalmente, com um prazo de dois anos para pagarem suas dívidas, conseguido junto aos fornecedores das máquinas em São Paulo , e mais um empréstimo de 80$000 (oitenta mil réis, de então), as atividades finais para término da serraria são retomadas.

Após um esforço incrível de 5 dias repletos de perigos, sob chuva torrencial e atravessando rios, uma turma de 13 homens, comandada por Amâncio Chelli, munida de enxadas, pás, picaretas, cordas, quatro juntas de bois e dois caminhões, consegue trazer de Perdizes a grande caldeira (locomóvel) necessária ao funcionamento da nova serraria.

Ainda em 1943, os Frey constroem uma barragem no Arroio Passo Novo, com a finalidade de fornecer água para funcionamento da caldeira e locomóvel da serraria e para poder combater os freqüentes incêndios, dando origem ao lago artificial (Lago das Araucárias) da vila que ia nascendo e que passa a ser chamada de Butiá Verde.

Os irmãos Frey instalam um açougue e um armazém geral para atender aos primeiros moradores; criam a primeira escola, onde leciona por vários anos o professor Antonio Karasiak; providenciam um salão para reuniões e bailinhos; instalam em 1944 um gerador de eletricidade, que passa a fornecer energia para as casas dos empregados; contratam o técnico Alberto Wengrath para instalar uma olaria; em 1951 constroem a enorme chaminé para a caldeira com os tijolos ali mesmo produzidos.

Daí para a frente, foi uma “bola de neve”. Em 1958, a firma dos irmãos Frey, René Frey & Irmão Ltda, já amplamente diversificada, passa à categoria de sociedade anônima e abre escritório de representação no Rio de Janeiro.

Ao longo desses anos, as terras antes pertencentes aos Ramos e a outros antigos proprietários da região, foram sendo adquiridas pelos Frey, tornando-os praticamente senhores de Butiá Verde. Este fato iria ter grande influência sobre o futuro desenvolvimento da cidade e da região.
Fonte: Prefeitura Municipal de Fraiburgo.




quinta-feira, 13 de agosto de 2009

História de Fraiburgo


A maior parte dessa região era primitivamente coberta por imensas florestas nativas, onde, além da imbuia, do cedro, da canela, da erva mate, predominavam os bels e majestosos pinheiros, tão típicos das paisagens sulinas do Brasil.E nesse cenário natural habitavam, já há mais de 4.000 anos, povos que viviam da caça, da pesca e do pinhão. Depois deles, surgiram os índios das tribos Kaigang e Xokleng, ou os “bugres”, como vieram a ser chamados pelos brancos que desbravaram a região, e dos quais restam hoje apenas alguns poucos, vivendo em reservas indígenas. Os “caboclos”, que ainda se encontram por toda parte, mostram, na cor queimada de suas peles, o “sangue” miscigenado dos primitivos habitantes deste lugar. No planalto Catarinense, as primeiras fazendas surgiram por volta da metade do século XIX, depois da Revolução Farroupilha (1835-1845), Guerra do Paraguai (1864-1870), e mais tarde da Revolução Federalista (1893-1895), o planalto começou a ser mais intensamente povoado por fugitivos e remanescentes daquelas lutas, vindo principalmente, a partir de Lages e do Rio Grande do Sul. Surgiram, então, grandes fazendas, por posse de terras devolutas e compra de antigas posses, com peões, zeladores, agregados, arrendatários, meeiros e posseiros. Duas destas grandes glebas de terra viriam a ter particular importância no surgimento do futuro Município de Fraiburgo: as fazendas “Liberata” e “Butiá Verde”.


A fazenda “Liberata” foi adquirida em 1870 por Generoso Ribeiro de Andrade e Porfírio de Oliveira. “Butiá Verde”, com uma área de 696.960.000m2, fora adquirida por usucapião em 1920, por Benedito de Deus e outros, passando depois a Zacarias de Paula, residente em Curitiba. A divisa entre as duas fazendas não estava claramente definida em toda sua extensão, fazendo com que sobre uma grande área, onde predominavam campos, pairassem dúvidas a respeito de quem seria seu legítimo proprietário. Isto acabou gerando conflitos, e a área passou a ser conhecida por “Campo da Dúvida”. Segundo os relatos, de Fabrício Dias de Andrade, neto do Generoso Ribeiro de Andrade, o nome “Liberata” foi dado à primeira fazenda de seu avô, em homenagem a uma índia velha chamada LIberata, que vivia num “tordo” indígena às margens do Rio Mansinho, bem próximo ao primeiro rancho erguido por ele assim que ali chegou vindo de Vacaria RS. Generoso se afeiçoara à velha índia, que o procurava todos os dias para pedir comida. Um dia, ela não apareceu como de costume. Passado três dias, o fazendeiro foi até ao “tordo” para ver o que estava acontecendo e a encontrou morta. E os demais índios tinham simplesmente desaparecido do local e nunca mais foram avistados pelo fazendeiro.




As primeiras famílias que habitavam a região do “Campo da Dúvida” teriam sido Naper ou Anaper (por volta de 1880). Depois dele vieram Fritz Burger, Aristides Ramos e membros da família Moreira; Leopoldino Ribeiro (proximidades onde hoje está o Hospital Divino Espírito Santo); Felício Pires (atual Vila Salete); família Felix Ribeiro (Cerro dos Bugios); famílias Linfôncio e Tomás (Serra dos Barbudos atual Dez de Novembro) e Frey.

As famílias pioneiras ligadas à fazenda Liberata foram as família: Marcondes, Gomes, Damaceno, Palhano, Weber.


Fonte: Site Prefeitura Municipal de Fraiburgo.